Tradução do texto de Graham Gremore originalmente postado no Queerty.
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“Eu não namoro orientais. Desculpa, só que não”.
“Você é bonito… para um oriental”.
“Eu gosto de ursos, mas não de pandas”.
Essas são algumas das mensagens que o jovem de 29 anos Jason recebeu quando ainda usava aplicativos de encontros.
“Era algo desalentador”, ele conta para a NPR em uma entrevista. “Isso realmente machuca a minha auto-estima”.
Jason é um homem gay de ascendência filipina que mora em Los Angeles. Ele atualmente está trabalhando no seu Ph.D., o que acaba deixando ele muito ocupado. Depois de sete anos sozinho, ele decidiu procurar por alguém e baixou alguns aplicativos. Mas ao invés de amor ele encontrou muito preconceito e discriminação.
“Era doloroso no começo”, ele explica. “Mas eu comecei a pensar, eu tinha uma escolha: Ou eu fico sozinho, ou eu deveria, tipo, encarar o racismo?”.
Infelizmente, Jason conta que ele sentiu não ter opções além de ter que lidar com a constante rejeição por causa da sua etnia ou ficar solteiro indefinidamente.
E ele não está sozinho ao se sentir assim.
Em uma entrevista de 2017 para a Queerty, o comediante Peter Kim, que se auto-descreve como um “Fabuloso e robusto gaysian”, disse que homens asiáticos constantemente são vítimas do preconceito.
“Você pode chamar do que quiser, mas isso é claramente desrespeitoso e eu não estou tolerando isso”, ele disse. “Idiotas que dizem ‘não curto orientais’ são o mesmo lixo que fala ‘não curto gordos, não curto afeminados, só discretos’ e outras merdas do Grindr como essa”.
“São normalmente gays brancos”, ele adiciona, falando de sua própria experiência.
Hoang Tan Nguyen, autor de “Uma vista de baixo: Masculinidade asiática americana e representação sexual” (Ainda inédito no Brasil), concorda.
“Racismo sexual não é algo novo”, ele contou para o Queerty em uma entrevista de 2016. “Uma propaganda de emprego que diz ‘não aceitamos orientais’ seria claramente considerada preconceituosa e discriminatória. Então porque seria diferente para uma cantada? Porque a foto de um corpo sarado repentinamente se torna indesejável quando um rosto asiático é revelado?”
Nguyen complementa que, ao contrário do que alguns homens gostariam de acreditar, não gostar de homens asiáticos (ou qualquer outra raça, na realidade) não é uma “preferência”. Vai muito além disso.
“Eu fico mais do que feliz em apoiar as preferencias pessoais de cada pessoa, sexual ou de qualquer outra natureza” ele conta; porém, “muito do que nós chamamos de ‘preferências’ são na realidade construídas por normas culturais e instituições sociais. Racismo não é uma preferência, é uma institucionalização social que oferece benefícios e privilégios para alguns ao mesmo tempo que exclui outros”.
Jason conta para a NPR que ele não está mais no mundo do namoro on-line depois de ter encontrado o seu atual parceiro. E depois de ter enfrentado vários comentários rudes, declarações racistas, alertas de bloqueio, hoje ele está feliz.
“Todos merecem receber amor, carinho e apoio”, ele conta. “E tendo isso em mente, eu acho, foi o que me manteve forte dentro da realidade on-line – saber que eu mereço ser amado, e se eu tiver sorte, um dia eu seria. E esse dia chegou”.
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